quarta-feira, 16 de junho de 2010

" MPB 4 "


O MPB4 é um grupo vocal e instrumental brasileiro formado em Niterói,
Rio de Janeiro, a partir de 1965. A primeira formação contou com Miltinho
(Milton Lima dos Santos Filho, Campos dos Goytacazes, 18 de outubro de 1943), Magro (Antônio José Waghabi Filho, Itaocara, RJ, 14 de novembro de 1943),
Aquiles (Aquiles Rique Reis, Niterói, RJ, 22 de maio de 1948) e Ruy Faria
(Ruy Alexandre Faria, Cambuci, RJ, 31 de julho de 1937).

Em 2004, Ruy Faria sai do quarteto e inicia a formação atual, com os três integrantes remanescentes e Dalmo Medeiros (Rio de Janeiro, RJ,
26 de novembro de 1951), ex-integrante do grupo Céu da Boca,
convidado para ficar em seu lugar.
Seus principais gêneros musicais cantados são o samba e o MPB.
Com um repertório marcado por composições de personalidades da Música Popular Brasileira, como por exemplo Noel Rosa, Milton Nascimento, Chico Buarque,
João Bosco, Paulo César Pinheiro e Aldir Blanc, o grupo apresenta-se em todo o Brasil, com sucesso de público e de crítica.

Década de 1960



A formação do grupo ocorreu em meados de 1964, quando Aquiles, Magro, Ruy e Miltinho integravam o Centro Popular de Cultura, afiliado à União Nacional dos Estudantes - UNE. Magro e Miltinho eram estudantes do 3º ano de Engenharia da Universidade Federal Fluminense - UFF. Ambos tinham formação musical iniciada desde criança; Miltinho aprendeu violão na adolescência com o instrumentista Jodacil Damasceno e Magro havia participado da Sociedade Musical Patápio Silva, além de ter aprendido teoria musical com Eumir Deodato e Isaac Karabtchevisk.
Ruy tinha acabado de se graduar em Direito pela mesma universidade e era escriturário da antiga agência do Instituto de Assistência e Previdência Social - IAPS. Ao mesmo tempo, trabalhava na noite carioca em dois grupos vocais e tinha sido [[crooner]] em Santo Antônio de Pádua, Rio de Janeiro.
Aquiles era estudante secundarista e participava do coral de uma escola estadual de Niterói. De família católica, aos 17 anos, resolveu seguir carreira musical com os outros três integrantes.

Cada um dos integrantes tem um gosto musical diferenciado, embora eles eram influenciados pelo grupo vocal Os Cariocas. Miltinho, desde a adolescência,
curtia música americana e bossa nova com os grupos Os Cariocas e Tamba Trio. Aquiles, ao mesmo tempo que tinha preferência pelo Trio Irakitan, era fã de
Elvis Presley. Magro era eclético.
Em 1965, resolveram ser músicos profissionais e viajam para São Paulo. Já tinham gravado o compacto simples "Samba Bem", em 1964, pelo selo Elenco.



No início, os quatro rapazes passaram por dificuldades, pois já haviam trilhado carreiras promissoras na época e seus familiares lamentaram a decisão tomada,
embora não tenham enfrentado tamanhas resistências. Além disso,
Aquiles era menor de idade e seu pai desejava emancipá-lo.
Entretanto, tal procedimento era demorado e Ruy Faria tornou-se seu tutor.
A passagem da adolescência para a vida adulta foi abrupta para Aquiles,
segundo o relato de Ruy Faria, pois foi comparada à troca da Coca-Cola por cerveja.
Lá, entram em contato com artistas recém-lançados na época, como Chico Buarque,
Nara Leão, Sidney Miller, Quarteto em Cy, entre outros. Desde o início do grupo, tornam-se ativistas de uma nova proposta, a de uma música brasileira mais popular a todos os que escutarem, de forma que sejam exaltados o povo brasileiro e seus costumes e, principalmente, a crítica à situação política do país,
imerso na Ditatura Militar. Desta maneira, entraram em seu repertório as músicas de protesto e sambas.



A parceria com Chico Buarque iniciou-se nesta viagem e durou aproximadamente dez anos. Durante este período, o MPB4 firmou sua musicalidade e acompanhava-o em suas apresentações como escudeiro musical, com boas interpretações das composições de Chico, que já foi considerado como o "quinto integrante de um quarteto". Um dos maiores destaques nesta década são as músicas "Quem te viu, quem te vê" e "Roda Viva", ambas de 1967. Além disso, ganharam espaço também nos famosos festivais de música, produzidos pela Rede Record.
Em 1966, foi lançado o primeiro LP do grupo, com o título "MPB4". O destaque vai para as músicas "Lamento", "Teresa Tristeza". Em 1967, foi lançado outro trabalho, com as músicas "Quem te viu, quem te vê", "Brincadeira de Angola", "Cordão da Saideira" e "Gabriela", que ficou em 6º lugar no III Festival da Música Popular da Rede Record.
Em 1968, lançam mais um LP com o mesmo título do grupo. Desta vez, a novidade é que cada integrante do grupo tem autonomia sobre uma faixa, como explicou Magro no programa Ensaio, de 1973. Aquiles cantou a música "Estrela é Lua Nova" com o coral da Escolal Municipal de Niterói, onde estudou. Miltinho estréia como compositor na faixa "Vim pra ficar". Entretanto, apesar das inovações do grupo, o disco não obteve o reconhecimento esperado.
Ao mesmo tempo, os quatro rapazes enfrentavam dificuldades financeiras e a marca ferrenha da Censura, apesar de serem requisitados para apresentações nos palcos e na televisão. Além disso, em 1968, Chico Buarque vai á Itália para se proteger da Ditadura Militar. Sem seu parceiro, o grupo perdeu o norte e seus integrantes quase desistiram da carreira. O MPB4 tinha seus espetáculos encerrados a qualquer tempo pela Censura. Para dribá-la, os quatro integrantes tinham truques para enganar os censores, além de negociar as letras das músicas, prática que continuaria na década seguinte.
A composição vocal do MPB4 até 1968 era: Ruy, 1ª voz; Magro, 2ª; Miltinho, 3ª; e Aquiles, 4ª voz. A partir de então, quando Aquiles estudou belcanto (impostação vocal), sua professora discordou da sua posição nas vozes do quarteto e sugeriu a troca das posições vocais. Então, Miltinho, ficou com a 4ª voz, e Aquiles, com a 3ª. A troca permanece até hoje e percebe-se que a sonoridade das vozes ficou harmônica.

Década de 1970



Em 1970, o MPB4 lança o LP "Deixa Estar", um dos marcos principais da carreira do quarteto. O destaque principal é a música "Amigo é pra essas coisas", de Aldir Blanc e Sílvio da Silva Júnior, que reflete também o espírito do quarteto em enfrentar dificuldades juntos. Como Chico Buarque ainda não estava no Brasil, a música foi uma espécie de "independência" ao parceiro, pois eles não seriam vistos mais como "Porta-voz do Chico", mas um quarteto vocal com personalidade própria. Outros destaques são "Candeias", com o primeiro arranjo vocal de Miltinho, "Boca do Mota", de Milton Nascimento e "Derramaro o Gai".
Em 1971, foi lançado o LP "De Palavra…Em Palavra....", que consolida o estilo do trabalho anterior. Destacam-se as músicas "Cravo e Canela", de Milton Nascimento, "O Cafona", Marcos Valle, "Eu chego lá", de Ataulfo Alves, "De Palavra…Em Palavra…", de Miltinho e Magro e "Pois é, pra quê", de Sidney Miller.
A parceria com Chico Buarque continua firme até meados desta década.
Ele e o quarteto viajaram para alguns países, como Argentina e Portugal.
As marcas da resistência e contestação contra o Governo Militar continuam firmes nos trabalhos do quarteto, mesmo que eles tenham seus espetáculos encerrados arbitrariamente e buscado negociações em Brasília. A questão financeira também seria complicada para o MPB4, como explica Ruy Faria, em entrevista concedida à jornalista Rosa Minine. Para custear as apresentações, eles pegavam empréstimos aos bancos e, mesmo assim, corriam o risco de ter o investimento perdido com um simples ato da Censura. Mesmo alcançando sucesso de crítica e público, o sossego contra as perseguições viria a partir de 1979, ano da Lei da Anistia.
O ano de 1972 foi importante para o MPB4, pois é lançado o LP Cicatrizes, considerado como um dos trabalhos mais promissores. Miltinho destaca-se como compositor da música-título, com a parceria do jovem Paulo César Pinheiro. Os arranjos instrumental e vocal de Magro tornam-se mais ousados, com destaque para as músicas "Agiboré", "San Vicente", "Partido Alto" de Chico Buarque, "Pesadelo" e "Agiboré".
Nos anos 1970, participaram de espetáculos históricos, tais como Construção (1971), Phono 73 (1973), MPB-4 no Safári (1975) e Cobra de Vidro (1978).
Além disso, lançam discos que consolidam a carreira do quarteto vocal, tais como De Palavra em Palavra, (1971), Cicatrizes (1972), Canto dos Homens (1976)
e Cobra de Vidro (1978), entre outros trabalhos de sucesso de crítica e público.

Década de 1980




Nos anos 1980, lançaram dois trabalhos infantis Flicts (com o Quarteto em Cy, em 1980) e Adivinha o que é (1981), além da participação no especial da Globo,
Arca de Noé, com a música 'O Pato'. Outro trabalho de destaque é o disco Amigo é Pra Essas Coisas (1989), com a participação dos filhos dos integrantes do MPB-4 na
banda de acompanhamento.

Década de 1990



Nos anos 1990, lançaram discos importantes e com grande aceitação de crítica e de público, como Samba da Minha Terra (1991). Os primeiros discos do grupo, ao vivo, foram A Arte de Cantar ao Vivo (1995) e Melhores Momentos (1999). Continuam com a parceria com o grupo Quarteto em Cy em Bate-Boca (1997) e Somos Todos Iguais (1998).

Década de 2000



Em (2000), o quarteto lança dois trabalhos, um deles com o Quarteto em Cy, Vinícius e a Arte do Encontro. Em (2004), Ruy Faria sai do grupo e Dalmo Medeiros torna-se integrante do MPB4. Em 2006, é lançado o DVD "MPB-4 40 Anos", com a participação de Chico Buarque, Milton Nascimento, Cauby Peixoto, Roberta Sá, entre outros artistas consagrados. Em 2008, o grupo gravou, junto com Toquinho, CD e DVD ao vivo, lançados pela Biscoito Fino.

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